Leilão dos imóveis da Sociedade Portuguesa de Beneficência de Niterói termina sem lances

Por Rodrigo Siqueira

Nenhum lance foi registrado no leilão eletrônico dos imóveis da Sociedade Portuguesa de Beneficência de Niterói (SPBN), encerrado ontem, 19 de maio de 2025. Esta foi a segunda tentativa de vender os bens da instituição — a primeira, programada para 2022 e sob responsabilidade do mesmo leiloeiro, foi cancelada antes de sua realização — e, mesmo com os valores significativamente reduzidos ao longo das três rodadas do certame, não houve interessados.

O leilão foi conduzido pelo Leiloeiro Público Jonas Rymer, por meio da plataforma www.rymerleiloes.com.br. Os bens estiveram disponíveis para arremate em três datas: 12 de maio, com lance mínimo de R$ 217,5 milhões; 15 de maio, com valor inicial reduzido pela metade; e, por fim, 19 de maio, quando seriam aceitos lances a partir de apenas 20% da avaliação — R$ 43,5 milhões.

Estavam à venda os imóveis localizados no Centro de Niterói, na Rua Dr. Celestino, nºs 26, 28 e 30, e um edifício de oito andares na Rua Moacyr Padilha, nº 250. Esses imóveis vêm sendo apontados como bens em situação de abandono e deterioração, o que motivou a autorização judicial para sua alienação.

Apesar das facilidades de pagamento — incluindo a possibilidade de parcelamento em até 30 meses, com entrada de 25% — o leilão não despertou interesse do mercado. A ausência de lances reforça as dificuldades enfrentadas pela massa falida da SPBN para liquidar seus ativos e saldar dívidas acumuladas ao longo de anos de crise financeira.

A expectativa agora recai sobre os próximos passos do administrador judicial, que deverá avaliar novas alternativas para a alienação dos bens, sempre sob supervisão da 2ª Vara Cível da Comarca de Niterói, responsável pelo processo de falência (nº 0823839-44.2022.8.19.0002).

Fundada por imigrantes lusitanos, a Sociedade Portuguesa de Beneficência de Niterói foi, por décadas, uma das instituições mais tradicionais da cidade, prestando serviços médicos e assistenciais à população. O leilão frustrado é mais um capítulo no longo e melancólico processo de dissolução de seu patrimônio.